quarta-feira, 1 de abril de 2015

Etanol 2G: sucesso para quando?

Imagem gratuita: http://pixabay.com

As discussões recentes em torno do etanol de segunda geração versam principalmente sobre sua capacidade de atender a demandas por um combustível de custo atrativo e de caráter sustentável. A edição de dezembro de 2014 da revista CanaOnline traz a reportagem de capa Etanol muito mais verde!, que destaca como o etanol celulósico é ambientalmente mais performático que o etanol de cana-de-açúcar e mais rentável quando produzido de forma integrada à produção de primeira geração.

O exemplo de destaque é a usina Costa Pinto, em Piracicaba, primeira planta de etanol 2G do Grupo Raízen (formado pela fusão entre o conglomerado brasileiro Cosan e a empresa anglo-holandesa Shell). A matéria-prima utilizada no momento é a palha e o bagaço da cana, mas futuramente poderá utilizar biomassa de milho, trigo, cavado de madeira e eucalipto. De acordo com a reportagem, uma planta de etanol 2G possui pegada de carbono 15 vezes menor que uma planta de etanol 1G. 

Na semana passada, a Agência Estado publicou notícia veiculada no portal novaCana informando que o Banco Nacional de Desenvolvimento e Econômico e Social (BNDES) divulgou um estudo em que mostra que o custo de produção do etanol 2G, feito de palha e bagaço de cana, ficará abaixo do 1G até 2020. As estimativas para daqui a cinco anos são de que os valores atuais, próximos de R$ 1,50 (2G) e R$ 1,10 (1G), caiam para valores entre R$ 0,70 e R$ 0,50 (2G) e R$ 0,90 e R$ 0,70 (1G). Quanto ao rendimento, o 2G pode chegar a 17 mil litros por hectare de cana, contra 6,9 mil litros/ha no caso do 1G.

Durante o seminário Sugar & Ethanol Brazil, realizado pela F.O. Lichts em São Paulo, entre os dias 23 e 25 de março, o gerente de desenvolvimento de negócios da empresa de especialidades químicas Clariant afirmou que o etanol de segunda geração (2G), feito a partir do bagaço e da palha de cana-de-açúcar, tem espaço para crescer no Brasil, tornando o País "um dos maiores do mundo nesse mercado", conforme matéria do Estadão Conteúdo veiculada no Portal Exame.

Assim, o etanol 2G seria a tendência dos biocombustíveis no futuro próximo. Entretanto, matéria publicada ontem no novaCana afirma:
Com uma produção ainda marginal, resultado do início da operação de algumas usinas no Brasil, Estados Unidos e Itália, o etanol celulósico vive um momento delicado. Nota-se, claramente, um ajuste de expectativas sobre os prazos de desenvolvimento do combustível pelo mundo e desânimo em relação às perspectivas de curto e médio prazo.
O texto cita declarações feitas no Sugar & Ethanol Brazil, segundo as quais a tecnologia do etanol 2G ainda está cercada de incertezas e a produção ainda não se viabilizou em larga escala. A planta de etanol 2G da Petrobras, que integraria o grupo de empresas com previsão de inaugurar plantas de etanol 2G em 2015, suspendeu os planos do projeto face à crise institucional decorrente das denúncias de corrupção envolvendo a empresa.

Para discutir o atual mercado do etanol de segunda geração, bem como sua possibilidade de aumentar a produtividade e gerar maiores rendimentos para o setor, o BNDES realizará no dia 7 de abril, no Rio de Janeiro, o seminário de Avaliação do Potencial Competitivo do Etanol 2G no Brasil. Veja a Programação aqui.

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