quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Colheitadeira para pequenos e médios produtores

Saiu semana passada no novaCana.com e em outros veículos uma matéria sobre o desenvolvimento de uma nova colheitadeira de cana, mais leve e mais barata, voltada para o pequeno e o médio produtor. A máquina será testada nos próximos 2 meses e deverá custar cerca de 25% do preço de uma colheitadeira comum (que varia de R$ 500 mil a R$ 1 milhão), com peso de até três toneladas (contra oito a 20 toneladas para as colhedoras atualmente no mercado).

O projeto, iniciado em 2007, teve execução técnica do Prof. Dr. Luiz Geraldo Mialhe, Professor Titular do Departamento de Engenharia Rural aposentado, da ESALQ/USP, e coordenação de fábrica do engenheiro mecânico Leonel Frias Junior, Diretor da Indústria e Comércio Mecmaq Ltda – Máquinas Agrícolas. O objetivo foi produzir um protótipo de minicolhedora cortadora-despalhadora de colmos inteiros de cana de açúcar, para atender as condições específicas dos sistemas de produção tradicionalmente praticados por pequenos e médios produtores rurais. Conforme informa matéria do portal da Câmara dos Vereadores de Piracicaba, a iniciativa é pioneira na área de Engenharia Agrícola e conta com o apoio e a colaboração técnico-financeira das empresas AGCO do Brasil (RS), John Deere Brasil Ltda (GO) e da ORPLANA – Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro Sul do Brasil. 

De acordo com a notícia do novaCana.com, Luiz Carlos Tasso Júnior, diretor operacional da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste de São Paulo), estima que 40% da produção de cana dos membros da associação (cerca de 2.800 associados) ainda são colhidos com o uso de fogo, a maioria por pequenos produtores. Para ele, a principal barreira para que os pequenos mecanizem a colheita é econômica. "Tasso Júnior, que não conhece o projeto da Mecmaq, afirma que a produtividade da plantação pode ser um limitador ao uso da colhedora de menor porte. Segundo o produtor, terrenos com produtividade acima de 80 toneladas por hectare exigem máquinas de maior porte para conseguir fazer o corte da cana". A capacidade estimada da nova colhedora é de 10 a 15 toneladas colhidas por hora, em canaviais com produtividade de 70 a 100 toneladas por hectare. 

Note-se que o prazo para completa eliminação das queimadas nos canaviais como método pré-colheita no Estado de São Paulo foi fixado pelo Protocolo Agroambiental em 2014 (a notícia do novaCana.com diz 2015, não sei por quê). Segundo a matéria do portal da Câmara dos Vereadores de Piracicaba, "o cumprimento desse acordo exige uma mudança operacional no processo de colheita que irá atingir mais de 10 mil fornecedores paulistas de cana de açúcar. Caso estenda aos demais estados produtores, ela irá atingir cerca de 40 mil fornecedores independentes". 

Agora é aguardar os testes e ver se essa nova colheitadeira irá influenciar as controvérsias da sustentabilidade relacionadas à mecanização da colheita de cana no Brasil.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Czares do etanol no mundo

Olá! Feliz 2014!
Começo o novo ano comentando algumas informações sobre os países líderes na produção de etanol no mundo: Estados Unidos, Brasil, Colômbia e Peru. Em meados de 2013, o portal Estadão publicou a matéria Quinze grupos dominam produção de etanol, com dados levantados pelo New England Center for Investigative Reporting e a ONG Connectas. Segundo a pesquisa, EUA e Brasil são responsáveis por 87% da produção total de biocombustíveis no mundo e contam com instituições representantes dos usineiros para a aprovação de regras que beneficiem a indústria.
No "Mapa do Etanol" publicado pela Connectas, há informações sobre o percentual de etanol adicionado à gasolina nos quatro países. Com relação ao valor total de empréstimos concedidos por organismos multilaterais entre 2005 e 2012, há informações para Brasil (US$ 988 milhões), Colômbia (US$ 7 milhões) e Peru (US$ 130 milhões), mas não para Estados Unidos.
A reportagem do Estadão afirma que "esses relacionamentos se tornam cada vez mais importantes para essa indústria, à medida que o benefício ambiental do combustível está sendo colocado em xeque, em favor de outras opções, como o carro elétrico". Atesta ainda que "nas últimas eleições municipais, os registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que os principais industriais de etanol do País doaram pelo menos US$ 2,7 milhões a partidos políticos - especialmente em São Paulo, líder na produção de cana no País. Copersucar e Cosan lideraram essa lista, com montantes de US$ 525 mil e US$ 422 mil, respectivamente".
Em se tratando de combustível automotivo, acho que seria interessante saber o que ocorre com a gasolina, subsidiada pelo governo para evitar que seu preço suba, em termos de czares e lobby. E como ficaria o carro elétrico nesse contexto? Ele poderia representar uma ameaça ou não teria chances de ganhar mercado? E as montadoras, como se comportam?
Aqui, um gráfico com as informações da pesquisa sobre os 15 principais produtores de etanol no mundo.